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Sobre amores de cinema e beijos tórridos na chuva

Eu quero tanto um amor de cinema... Daqueles moldados por pequenas atenções e gentilezas. Com coerência entre o discurso e as atitudes. Onde a reciprocidade seja uma balança de medidas exatas. Com direito à beijos tórridos na chuva, coleção de rolhas de vinho, abraços famintos de presença, músicas com histórico, declarações que transbordam nas línguas, tesão de alma e corações flamejantes. Isso só pra começar! Eu quero um amor que não se comporte como se o jogo já estivesse ganho. Que não tem medo da entrega e que, se preciso for, não foge à luta. Onde a segurança e a intimidade sejam pontos a favor. E que cada diálogo seja um deleite. Eu quero um amor com assuntos inesgotáveis e sussurros que só se calam porque os olhos se fecharam de exaustão. Eu quero um amor saboroso, encorpado e com tanino intenso mas leve como uma comédia romântica. E que nele não exista espaço pra dúvidas ou insegurança. De dramas, terror e tragédias eu já me fartei. Eu quero um amor que seja imune ao fast food desenfreado e superficial nas quais as relações se transformaram. Eu quero um amor com muito sexo, dedos entrelaçados e olhares transbordantes de cumplicidade. Ah, e que passada a fase inicial da novidade se transforme num amor maduro onde a travessia seja uma escolha de vida e a admiração mútua seja capaz de transcender e superar qualquer descontentamento físico ou raiva temporária. Um amor de alma, sabe? De cinema... Mas aí vem a vida, essa filha da puta, e me lembra da realidade. Dos desencontros. Das ausências. Das grosserias. Dos abandonos. Do desrespeito. Das desproporções. Dos "se". Da falta de reciprocidade. E das decepções. E apesar de tudo, eu continuo me comportando como uma sobrevivente que se justifica através da fé. Foi ele, moço, o amor! Ele que quis que eu estivesse aqui hoje. Porque ele tem planos pra mim. Ou melhor, um roteiro de cinema. Enfim!

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