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Os galinhas, as vagabundas e os dinossauros

Toda vez que alguém compartilha um texto do Arnaldo Jabour sobre infidelidade masculina eu tenho vontade de vomitar. Algumas das pérolas: “A traição do homem é hormonal, efêmera, para satisfazer a lascívia.” ou “ A traição tem seu lado positivo. Até digo, é um mal necessário.” ou “A mulher se realiza satisfazendo o desejo maternal” ou “O cara que fica cercado, sem trair, é infeliz no casamento, seu desempenho sexual diminui” ou “Finja que não sabe que ele dá umas pegadas por fora. Isso é o segredo para um bom casamento.” Tá, parei de copiar e colar. É uma asneira infinita. O conteúdo inteiro do início ao fim é uma sopa de merda. E não pretendo entrar aqui na questão da infidelidade, do que é certo ou errado ou dos milhões de corações partidos e fortunas gastas em sessões de terapia embasadas em afirmações como estas. Na verdade, o que eu gostaria de falar é sobre essa farsa que venderam e que validou por séculos um comportamento machista e egoísta: a de que o homem tem mais necessidade de transar que a mulher e que ele separa sexo de sentimento. Pronto! Tá tudo justificado. Os “pintoloko” já podem sair por aí dando suas escapulidas sem culpa porque, néamm amor, é hormonal, não depende de mim. E essa escrotice foi repetida por tanto tempo que até as mulheres passaram a acreditaram. Caramba! Não é hormonal, é cultural. Lavagem cerebral convenientemente difundida que supervaloriza o homem que cumpre seu papel de “macho” e desvaloriza a mulher que assume seus desejos – o galinha e a vagabunda. Mas queridos, olha só. A sociedade pode até beneficiar o homem nessa questão. Mas eu não sou a sociedade. E a boa notícia (ou má, dependendo de quem a recebe) é: mulher também sabe separar sexo de sentimento. Nem sempre ela quer que você ligue no dia seguinte mas se ela tiver vontade ela liga. Mulher tem vontade própria. E o mais impressionante de tudo: mulher também adora sexo e tem desejo na mesma intensidade. Auuuutch! Doeu aí?! Pois é....Os tempos estão mudando. Hoje a mulher é mais independente tanto financeiramente quanto emocionalmente. Ela está finalmente descobrindo que ser metade da laranja é uma besteira. Que o bom é ser inteira. Que direitos iguais vão muito além do mesmo salário. E que para estar junto, seja num relacionamento aberto ou fechado, é preciso troca, amor, reciprocidade confiança e respeito. Os opostos não se atraem. Por isso procure alguém que tenha afinidade de pensamentos, objetivos e valores. E lembre-se: os dinossauros já foram extintos. E se vc ainda pensa como seu avô, cuidado: você corre um sério risco de ser atingido por um meteoro chamado “cai na real”.

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